Exibições pelo campus da Unicamp

Cover Image for Exibições pelo campus da Unicamp

O Sonhadouro circulou durante oito meses pela Unicamp, no campus de Campinas, por meio da edição 2012/2013 da Bolsa SAE Aluno-Artista, que prevê ações artísticas, culturais e educativas voltadas para a comunidade universitária.

A proposta da exibição dos micro-documentários era a de fugir do formato de exibição tradicional – a tela branca à frente das enfileiradas e comportadas cadeiras dos espectadores- e fizemos as exibições dos vídeos sobre as paredes de prédios da universidade. Neste sentido, foi possível experimentar outras formas de exibição, recepção e consciência do espaço cotidiano. A relação dos transeuntes com o seu ambiente habitual se altera com a “animação” de determinada parte da arquitetura, quando este espaço ganha a característica de tela, além de sua função material inata.

Este tipo de exibição, fora do lugar comum do auditório e da sala de cinema, ganha a atenção do público ao propor novas formas de visualização, e reúne aos espectadores convidados – ali para a “sessão” – um outro público, formado espontaneamente por indivíduos que percorrem aquele trajeto no dia-a-dia. O termo “sessão” entre aspas indica algumas ressalvas no sentido da palavra, já que as exibições do projeto se diferenciam de uma sessão tradicional de vídeo, cinema ou teatro, porque estão sujeitas a livre adesão dos transeuntes. Não há rigor quanto ao horário de início e permanência ou qualquer comprometimento de presença ao longo do evento. O espectador é livre para entrar ou deixar aquele espaço, muitas vezes interferindo na apresentação com seu corpo ao atravessar a projeção. Além disso, esta forma de ocupação de locais privados ou públicos cria um ambiente de convivência temporária entre os espectadores, quando estes dividem com desconhecidos os assentos em bancos, no chão ou mesmo em pé, pois a disposição dessas exibições fora de lugar não exige, como na sala de cinema, silêncio absoluto. Pelo contrário, o videomapping, ao mesmo tempo que modifica o local em que o vídeo é projetado, também se sujeita às condições de luz e som do espaço.

Diferentemente das tendências atuais de utilização do videomapping para criar outras dimensões, ilusões óticas ou movimentos em objetos estáticos, o Sonhadouro procurou ocupar virtualmente diferentes espaços agregando temporariamente a eles a função de exibir um conteúdo audiovisual. Esta ação possibilitou uma outra noção do espaço arquitetônico e uma outra forma de atuação do material editado.

O videomapping divide com outras expressões de arte urbana o uso da arquitetura como suporte e a concepção de obra aberta e sujeita às condições do ambiente. Contudo, no videomapping a impermanência física da obra, característica muito em voga no mundo contemporâneo, fica ainda mais evidente. Esta ocupação virtual dos espaços contorna leis de depredação do patrimônio público e privado e permite que seu conteúdo se estabeleça na memória dos espectadores.

← voltar